Resenha: Mr. Mercedes por Stephen King

Mr. Mercedes
Editora: Suma de Letras
Páginas: 400
Nota: 4.5/5
Sinopse: Nas frigidas madrugadas, em uma angustiante cidade do Centro-Oeste, centenas de pessoas desempregadas estão na fila para uma vaga numa feira de empregos. Sem qualquer aviso um motorista solitário irrompe no meio da multidão em um Mercedes roubado, atropelando os inocentes, dando ré e voltando a atropelá-los. Oito pessoas são mortas, quinze feridos.
Em outra parte da cidade, meses mais tarde, um policial aposentado chamado Bill Hodges é ainda assombrado por um crime sem solução. Quando ele recebe uma carta enlouquecida de alguém que se auto-identifica como privilegiado e ameaça um ataque ainda mais diabólico, Hodges acorda de sua deprimente e vaga aposentadoria, empenhado em evitar outra tragédia.
Brady Hartfield vive com sua mãe alcoólatra na casa onde ele nasceu. Ele adorou a sensação de morte sob as rodas da Mercedes, e ele quer aquela corrida de novo. Apenas Bill Hodges, com um par de aliados altamente improváveis, pode prender o assassino antes que ele ataque novamente. E eles não têm tempo a perder, porque na próxima missão de Brady, se for bem sucedido, vai matar ou mutilar milhares.
Mr. Mercedes é uma guerra entre o bem e o mau, do mestre do suspense, cuja visão sobre a mente deste obcecado assassino insano é arrepiante e inesquecível.






Mr. Mercedes é o primeiro livro da trilogia Bill Hodges. Lançado originalmente em 2014, o livro ganhou uma edição em português apenas este ano, em março, e o segundo livro, Achados e Perdidos, será lançado em julho. Todas as três obras contam uma história diferente, envolvendo o detetive Hodges.

Ainda é madrugada, centenas de pessoas formam fila em uma feira de empregos, desesperadas para conseguir um trabalho, quando de repente um Mercedes cinza surge da névoa, atropelando dezenas de pessoas. Não se trata de um acidente, o motorista dá a ré e ataca novamente, deixando vários feridos e oito mortos. King narra tudo nos mínimos detalhes e, pela primeira vez, senti um desconforto ao imaginar todas aquelas pessoas sendo mortas, desmembradas e tentando correr desesperadamente do Assassino do Mercedes.

Frustrado por nunca ter conseguido capturar o assassino, Hodges decide abandonar a carreira como detetive e passa a viver uma vida monótona, resumida em horas sentado em sua poltrona, vendo TV e bebendo cerveja. O suicídio é um pensamento recorrente e por inúmeras vezes, Bill brinca com o .38 do pai, pensando se já estaria na hora de se aposentar de vez da vida. Mas tudo isso muda quando ele recebe uma carta do suposto Mr. Mercedes. Já vou adiantando que a carta é um reflexo de uma das mentes mais degeneradas que você vai ver em toda sua vida.
Ao contrário do que o assassino pensa, Hodges encontra naquilo uma motivação para viver e embarca numa investigação por conta própria, infringindo a lei diversas vezes.





As primeiras 100 páginas do livro são um pouco sem ação. Ainda é a introdução da história, então relaxe, leia com calma e aproveite o livro. Mr. Mercedes não é aqueles livros em que descobrimos tudo apenas no final. A própria arte do livro já dá um pequeno spoiler sobre quem seria o assassino, citado lá pela página 90 do livro. A trama toda alterna entre os pensamentos de Hodges e do assassino, Brady Hartsfield, então nós conseguimos saber exatamente o que Hartsfield está planejando fazer e como Hodges, seu parceiro Jerome e uma outra pessoa (não citarei o nome, pois quem deduz as coisas rápido demais ia saber que alguma coisa meio ruim teria que ter acontecido para esta pessoa entrar na investigação) estão se saindo na corrida contra o tempo para capturar o psicopata, Brady.

Não há como não amar Hartsfield. Talvez o único defeito dele seja agir por impulso e ser muito impaciente, então algumas atitudes que ele toma acabam tendo um resultado não muito agradável, deixando-o ainda mais irritado. As últimas 100 páginas do livro são realmente uma corrida. A cada página virada é uma surpresa e, nessa hora, já não há mais como parar de ler. O único problema que achei foi o final da história que é um pouco clichê, mas a última página compensa, deixando qualquer um arrepiado e com uma interrogação enorme na cabeça.

Em Mr. Mercedes, Stephen King se aventura em escrever uma novela policial, fugindo completamente do seu gênero padrão. O resultado é um livro simplesmente magnífico com uma boa história, com ação, drama, suspense, e personagens incrivelmente cativantes e ricos em peculiaridades, que King parece ter tanta facilidade em criar. Mr. Mercedes é, sem dúvidas, obrigatório para todos os fãs de um bom suspense policial.

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